Destinos turísticos e outros locais que sumiram do mapa

Com tudo isso que está acontecendo no mundo em relação a pandemia mundial do Coronavírus, é difícil pensar em como será o turismo no futuro.  Escrever sobre isso agora pode atá soar um pouco pretensioso, afinal, a preocupação mundial certamente está voltada para a saúde, a fome e a garantia dos empregos.

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Eu acho importante compartilhar que a OMT (Organização Mundial do Turismo) divulgou uma avaliação atualizada sobre o impacto do Coronavírus no turismo internacional no dia 26 de março e esse estudo apontou, nesta data, uma estimativa de queda nas viagens internacionais entre 20% e 30% no ano de 2020 comparado ao ano de 2019. Isso se traduz em uma perda de receita entre 300 a 450 bilhões de dólares e coloca o setor como um dos mais atingidos a nível econômico.

Mas, trazendo um pouco de leveza para esse texto e levantando a curiosidade do leitor, vocês já pararam para pensar em quantos destinos ou pontos turísticos deixaram de existir por conta de um grande evento ou um desastre natural e outros empreendimentos, inclusive do famoso complexo Disney, que fecharam as portas? Nesse artigo falaremos de alguns destinos ou pontos turísticos que já não existem ou não funcionam mais.

Janela Azul, em Malta

Um desaparecimento recente foi a formação rochosa Tieqa tad-Dwejra, mais conhecida como Janela Azul, que desabou no dia 09 de março de 2017, após anos de erosão marítima. Ela desabou após ser atingida por ondas provocadas por uma tempestade. O local já havia servido de cenário para a série Game of Thrones e outros filmes de Hollywood.

Recentemente o arquiteto russo Svetozar Andreev propôs uma releitura do famoso arco. Ele sugeriu a construção um novo arco de metal espelhado para ocupar o seu lugar. Apelidado de Heart of Malta. O projeto conta com uma volumetria irregular composta por faces triangulares e apresenta as mesmas dimensões e proporções do arco de pedra calcária original. Saiba mais sobre o projeto.

Janela Azul antes da queda (Foto: PIxabay)

Foto sentado na Wedding Cake Rock, Austrália

Ainda falando sobre rochas, a Wedding Cake Rock, que fica no Royal National Park, na Austrália teve que ser fechada ao fluxo de turistas.

Estudos feitos no local em 2015 revelaram que a formação é instável e que certamente entraria em colapso a qualquer momento. Sua estrutura foi descrita como “precariamente equilibrada à beira do penhasco, e severamente rebaixado” e além disso também foi detalhado que ela parecia ser sustentada apenas por pouquíssimos pedaços de detritos de uma recente fratura grave abaixo da rocha.

Apesar disso os visitantes continuavam a se arriscar e pular as cercas do local atrás de uma foto com a famosa rocha. O local permanece fechado ao público até seu eventual desaparecimento, embora as propostas do Serviço Nacional de Parques Nacionais e Vida Selvagem aconselhem o estabelecimento de uma plataforma de observação permanente perto do ponto de referência.

Wedding Cake Rock (Foto: PIxabay)

Estação de Ski na montanha Chacaltaya na Bolívia

O local fica a 30 km de Lapaz, mas hoje mais parece uma cidade fantasma. Ela já foi a “estação de esqui de maior altitude do mundo” por estar a 5430 metros acima do nível do mar, um dos picos da Cordilheira Real.

Por conta do aquecimento global a geleira de mesmo nome (Chacaltaya), que se formou há aproximadamente 18 mil anos foi sumindo pouco a pouco até desaparecer por completo em 2009. No ano de 2002 já não era mais possível a prática de esportes de neve no local e a estação de Ski foi desativada.

Refúgio Chacaltaya (Foto: Wikimedia Commons)

East Island, a ilha que desapareceu no Havaí

Em 2018,  após a passagem do furacão Walaka, a ilha desapareceu do mapa, ou quase isso. Seu tamanho que era de aproximadamente 11 acres, o que equivale a quatro campos de futebol ficou reduzido a mais ou menos 45 m de comprimento.

A ilha era habitada por focas-monge-do-havaí e as tartarugas-verdes, ambas espécies ameaçadas de extinção.

Até 1952, a ilha também hospedou uma estação de radar da Guarda Costeira dos Estados Unidos, porém em abril de 1946 ela foi gravemente danificada por um tsunami e em agosto de 1950 teve de ser evacuada após um alerta de um possível ciclone tropical.

Outras lhas já sumiram por outros motivos, mas principalmente por conta do aquecimento global e, apesar de desabitadas, só no Pacífico sul foram cinco na última década: Kale, Zollies, Rehana, Kakatina e Rapita. Veja nessa artigo outras ilhas que sumiram ao redor do mundo.

Território de East Island antes da passagem do furacão

Ponte dos Cadeados em Paris

Outro ponto turístico famoso que foi desconstruído foi a Pont des Arts (também conhecida como a Ponte dos Cadeados), em Paris . A ponte continua de pé, porém todos os cadeados que representavam o amor eterno dos casais que os prendem na ponte, foram retirados de suas laterais para garantir a segurança daqueles que passavam por cima ou por baixo da ponte.

Outros pontos da cidade ainda continuam a receber cadeados como a  Pont Neuf e a Pont de l’Archevêché (foto abaixo), mas os mesmos são retirados com frequência.

Pont de l’Archevêché em 2014, perto da Catedral Notre Dame também teve seus cadeados retirados

Parques abandonados da Disney

Discovery Islands

Dentro do complexo Walt Disney World, próximo ao Magic Kindom existe um lago chamado de Bay Lake, e nesse lago uma ilha que funcionava como uma reserva natural de 1974 e 1999. Seu primeiro nome era Treasure Island, mas depois foi renomeada para Discovery Island.

As pessoas iam até o local, acessado através de barcos, para observar espécies de animais.  Ela inclusive abrigou um dos últimos pardais marinho, antes de morrer em 1987. A subespécie foi declarada presumivelmente extinta em 1990.

Seus animais foram realocados em outro parque, o famoso Disney’s Animal Kingdom em julho de 1999 e Discovery Island também é o nome de uma das terras desse parque, atualmente.

Não se sabe ao certo o motivo do fechamento mas entre os motivos alegados estão baixa participação e os altos custos de manutenção.

River Country

River Country, foi um parque aquático que funcionou entre 1976 e 2001. O empreendimento que supostamente foi o primeiro parque aquático tematizado da Disney. Contava com um ambiente selvagem e rústico e poucas atrações, dentre elas tirolesa, tobogãs e piscinas de água natural e também clorificadas.

Conta-se que após a confirmação de algumas mortes por afogamento e também com a inauguração do novo parque aquático com uma capacidade muito maior, o Typhoon Lagoon em 1989, a demanda pelo River Country caiu drasticamente, sendo esses os motivos que levaram ao encerramento das atividades.

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O empreendimento fechou para manutenção no fim da temporada, em novembro de 2001, com a promessa de reabrir em abril de 2002, mas o mesmo nunca foi reaberto. Em 2005, a Disney Company anunciou oficialmente que o River Country nunca mais iria reabrir.

A companhia anunciou em outubro de 2018  a construção de um novo hotel de luxo chamado Reflections – A Disney Lakeside Lodge. O mesmo está sendo construído no antigo local onde funcionou o parque River Country . Há expectativas de que a inauguração seja em 2022.

Parques que encerraram suas atividades no Rio de Janeiro

Ainda falando de parques, e agora falando especificamente da minha cidade, o Rio de Janeiro, tivemos alguns caos parecidos com os citados logo acima.

destinos que sumiram do mapa
Rio Water Planet

Tivoli Park da Lagoa

As margens da Lagoa Rodrigo de Freitas funcionou o Tivoli Park, entre 1972 e 1995. O nome é uma homenagem ao Tivoli de Copenhague, que foi inaugurado em 1834 e é considerado um dos parques de diversões mais antigo do mundo. Alguns acidentes e outros problemas levaram ao seu fechamento.

Atualmente no local onde funcionava o Tivoli Park funciona o Parque dos Patins.

Terra Encantada

O parque ficava localizado no bairro da Barra da Tijuca e funcionou por 12 anos, de 1998 a 2010. Seus personagens eram baseados nos festivais da cultura brasileira e o empreendimento tinha a expetativa de ser um dos mais modernos parques de diversão do Brasil.

Sua montanha russa, o Monte Makaya, até levou o título de ser a a montanha-russa com mais inversões no mundo, durante quatro anos, entrando inclusive no livro de records, o Guiness.

Após alguns acidentes e altos valores pagos com indenizações o parque fechou as portas em 2010. O terreno foi vendido em 2013 e teve sua estrutura demolida, sendo completamente desmontado em 2016. Há expectativas da construção de um condomínio residencial no local.

Wet’n Wild Rio de Janeiro

A marca de parques internacionais, Wet’n Wild, foi criada por George Millay em Orlando, nos Estados Unidos em 1977 e expandiu-se ao redor do mundo em vários países. No Brasil foram criadas três unidades, em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Salvador.

A unidade do Rio de Janeiro foi inaugurada em 1999 e ficava localizada no bairro de Vargem Grande, Zona Oeste da cidade, mas acabou encerrando as suas atividades após não receber o retorno financeiro desejado.

Hoje local mais aparenta um cenário de filme de terror mas funciona com um grande aliado na luta contra a dengue. A Prefeitura cria no local o peixe barrigudinho, também conhecido como peixinho de vala, que se alimenta de lavas. De lá eles são levados para combater a dengue em diversas partes da cidade.

Voltando a falar sobre o Wet’n Wild, a unidade de Salvador encerrou suas atividades pelo mesmo motivo, mas a unidade de São Paulo continua funcionando a todo vapor. Falamos um pouco desse parque no post Como chegar e conhecer o Hopi Hari e seus arredores.

Rio Water Planet

Outro parque aquático do Rio de Janeiro que encerrou suas atividades recentemente foi o Rio Water Planet. Ele iniciou seu funcionamento em 1998 e também ficava localizado no bairro de Vargem Grande e foi durante muito tempo o maior parque aquático da América Latina.

O parque contava com muitas atrações que se renovavam e aumentavam a cada ano, dentre elas toboáguas, piscina de ondas, rio lento, corredeiras e complexo infantil para crianças.

Uma briga entre os donos do terreno e os administradores por conta do pagamento da parcelas do aluguel, fez a justiça determinar o despejo do parque. O contrato de locação terminou em 2014, mas o parque continuou funcionando por mais 4 anos, até que finamente encerrou suas atividades em outubro de 2018.

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Cidade Albanoel

Cidade AlbaNoel, a Cidade do Papai Noel

O que sobrou do parque temático Albanoel fica na rodovia Rio-Santos, numa área que pertence ao município de Itaguaí. Esse parque que já chegou a ter milhares de visitantes no início dos anos 2000 foi idealizado pelo político Albano Reis, que foi deputado estadual de 1987 a 2004.

Além da Cidade Albanoel, o político construiu ao lado do parque a Cidade Country, onde havia restaurantes e lojas em um cenário de faroeste. O projeto também previa a construção de um parque aquático que jamais foi concluído. A área original era gigantesca: mais de 30 milhões de metros quadrados.

O parque temático natalino não cobrava pela entrada, por lá, adultos e crianças podiam se divertir de graça nos brinquedos, piscinas e tobogãs.

O deputado estadual Albano Reis foi atropelado em frente ao parque, no dia 18 de dezembro de 2004, um pouco antes do Natal. Depois disso o parque ainda funcionou por mais 6 anos, mas com algumas questões judiciais a família resolveu encerrar as atividades em 2006. Hoje no local existem apenas ruínas do que um dia já foi a cidade do Papai Noel.

O futuro do turismo no mundo

No momento não sabemos nada sobre o que vai acontecer com muitos destinos turísticos depois que tudo isso passar, quantos outros locais simplesmente podem deixar de funcionar por conta da crise econômica que o covid 19 pode causar.

Uma campanha da Organização Mundial de Turismo lançou a hashtag #traveltomorrow acompanhado da frase “By staying home today, we can travel tomorrow” (Ao ficar em casa hoje, podemos viajar amanhã). Vamos dividir a responsabilidade e aceitar que ficar em casa é a melhor opção no momento.

 

**Atenção: A imagem da capa desse post não é uma imagem real e não pode ser encontrada no terreno do Discovery Island e nem no local onde funcionou o parque River Country. Ela faz parte da coleção de imagens digitais do artista Flip Hodas, de Praga. Veja mais da sua coleção no instagram @hoodass

Avisos importantes:

– Devido a pandemia de covid-19, muitos dos atrativos citados nesse artigo podem ter interrompido suas atividades temporariamente ou permanentemente, ou mesmo, podem necessitar de agendamento prévio, por isso, indicamos que você entre em contato com a propriedade antes da visita para confirmar os horários de funcionamento e regras de visitação.

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Débora Santiago
Débora Santiago
Turismóloga e fotógrafa por profissão e blogueira por vocação. Sócio-fundadora e autora do blog Diário de Uma Viajante desde 2010.
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