Me disseram: “Você tem o melhor emprego do mundo. Só viaja para lugares lindos e tira fotos maravilhosas”.
Essa afirmação tem alguma verdade. Ser uma blogueira de viagem na atualidade tem muitos benefícios: você realmente conhece lugares incríveis e pessoas maravilhosas, mas tem um labo B nos bastidores que ninguém conta, ou que muitos nunca pararam pra pensar.
Não é do dia pra noite que se vira um blogueiro de viagem. Você não pode fazer apenas uma viagem e simplesmente criar um blog.
Bom, na verdade você até pode, mas se a sua intenção é “viajar de graça” você vai ter que construir uma autoridade no mercado, vai ter que produzir conteúdos de valor para seus leitores para que os parceiros, os donos de hospedagens e agencias de viagem, além de outros do meio do turismo queiram fazer uma parceria com você, vai ter que ter uma bagagem de viagens já efetuadas pra produzir todo esse conteúdo e pasmem… você vai ter que bancar todas elas.
Além disso, já parou pra pensar que você depois que você tem um blog você nunca mais vai viajar a lazer? Você vai passar 100% do tempo das suas viagens tirando foto e anotando tudo e qualquer coisa que possa ser interessante pro seu conteúdo. No início é divertido, mas com o tempo fica um pouco cansativo e se não tiver cuidado, pode se tornar uma companhia chata se estiver viajando acompanhando.
Vai precisar criar um perfil pra cada uma das redes sociais existentes com o nome da sua marca: Facebook, Twitter, Instagram, Pinterest, Youtube, TripAdvidor, TikTok e qualquer outra que ainda venha a ser criada… e vai ter que aprender a administrar todas elas (ao mesmo tempo).
Sua vida jamais será privada novamente, você vai ter que tirar foto dos lugares que vai, dos restaurantes que come, do quarto do hotel que dormiu e expor tudo isso nessas redes sociais, preferencialmente falando ao vivo num “stories” do Instagram, pois segundo os especialistas, “mostrar quem fala por trás das câmeras deixa seguidores mais engajados”.
Você nunca mais vai parar de estudar conteúdos diversos: copywriting, SEO, português, marketing, fotografia, geografia, apps relacionados a viagem e novas tecnologias. Vai ter que estar antenado nas novidades do mercado o tempo todo e depois aplicar tudo isso nos textos que você já produziu fazendo uma atualização constante dos conteúdos, ou nos textos que ainda vai produzir.
Você vai estudar pra caramba pra colocar o seu site na primeira posição do Google, mas na maioria das vezes vai perder a venda para para sites grandes como o Booking, a Decolar, a CVC ou o TripAdvisor, porque afinal, eles tem muito mais autoridade.
Ah! Você vai dizer pros seus amigos próximos que criou um blog, mas não fique decepcionado se eles não curtirem as suas páginas de redes sociais e não comprarem pelo links de afiliados que você mandar pra eles (que são os meios que você tem pra ganhar dinheiro com o blog).
Eu já estou nessa estrada a mais de 10 anos e pouquíssimos amigos curtem, comentam, compartilham ou compram pelos links do blog, mas não hesitam em pedir qualquer “dica marota” quando vão viajar.
Pense que você tem que arcar com os custos do site: domínio, hospedagem, criação identidade visual, cartão de visitas, uma pessoa para auxiliar com problemas técnicos caso você não seja entendido do assunto e você nunca saberá quanto ou quando você irá receber, afinal, os programas de afiliados sempre exigem um mínimo para pagamento e a quantia varia de acordo com o parceiro, além disso as vendas são totalmente sazonais e imprevisíveis, você poderá receber num mês e passar mais dois sem receber nenhum centavo.
Então, mesmo que um blogueiro esteja hospedado de graça em algum hotel ou tenha conseguido alguma parceria de ingresso de passeio, ele está se comprometendo em entregar valor para o parceiro que o contratou, não é apenas “uma viagem grátis e belas fotos para as redes sociais”.
E porque eu estou fazendo esse desabafo aqui?
Só pra dizer que ser um blogueiro de viagens é como ter um trabalho qualquer, exige muito esforço e dedicação. Você vai passar muito tempo na frente do computador pra produzir esses textos, preparar as fotos e tudo mais do que já citei acima… Eu já trabalhei mais de 12 horas por dia no blog, as vezes muito mais tempo do que trabalharia num emprego regular, onde teria que cumprir a carga horária de 8h diárias e mesmo assim não tenho garantia alguma de ter alguma venda no final do dia.
Se você tem algum amigo blogueiro de viagens valorize o trabalho dele. Curta e comente suas publicações e se for pedir alguma “dica” pra sua viagem, não deixe de fechar pelos links que ele indicar.
Se você leu esse texto até aqui, me ajude compartilhando nas redes socias.
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Uma resposta
“Ai que beleza, tu só viaja e ainda ganha pra isso”!! Quantas vezes ouvi isso de pessoas próximas. Aham, sei sei! E nesse momento mundial que vivemos a vida do Blogueiro de Viagem ganhou ainda mais “dificuldades”. Mas sairemos dessa, tenho certeza. Ótimo texto, Débora. Pra refletir muito.
Beijos